quarta-feira, novembro 03, 2004

Não acho que a maneira como nos vestimos reflicta a nossa maneira de ser. Existem demasiados condicionalismos que não o permitem. Talvez exteriorize, um pouco, o nosso estado de espirito. Falo por mim, neste ponto. Se me sinto alegre, gosto de vestir o meu casaco amarelo. Se, pelo contrário, me sinto triste, visto-me cores mais escuras. Tanto visto polos como t-shirts, ténis como sapatos de vela. Só não mudo, muitas vezes, os calções, expoente maximo da confortabilidade.
Existe quem critique estas mudanças súbitas de visual. Eu acho saudável. Os estilos, beto, dread, freak... que insistem em atribuir, pouco ou nada me dizem. Mais uma vez, é demasiado reductor caracterizar alguem unicamente pela roupa que veste. E é sempre giro passear pelo serviço de urgência de casaco amarelo. Antes de vestir a bata, é claro.

terça-feira, novembro 02, 2004

No outro dia comprei um livro intitulado “Linguagem Seinfield”, da editora Gradiva / Publicações Fictícias. O “teasing” era da autoria de Nuno Markl e, de facto, cumpriu bem a sua função porque acabei por adquiri-lo. 11€ e era meu.
Cheguei a casa ansioso por começar a leitura, precisava de rir um bom bocado. Mas depois das primeiras páginas, comecei a pensar que o livro talvez não tivesse sido uma tão boa compra como imaginara. Claro que, quando terminei, as minhas suspeitas desvaneceram-se... e transformaram-se em certezas: “O livro tinhas sido uma compra desastrosa”. Não percebi bem porque. Jerry Seinfield sempre teve piada. A serie tinha piada. Eu ria-me com o Seinfield. Com o George. Com a Elaine. E com o Kramer. Eu lembro-me que me ria... eles tinham piada. Cheguei a conclusão que as piadas de Seinfield só têm piada ditas por ele. E lê-las num livro, sobretudo se for traduzido para portugues, é como ver Monty Pyton dobrado em Venezuelano. O Seinfield tem de fazer aqueles gestos de Stand Up ou não funcionam.
Fiquei um bocado frustrado. O dinheiro era para comprar as chuteiras. Já não pude ir treinar à equipe de futebol da faculdade. 11 €... o livro saiu caro. Ora vejam...

O livro marca 139 páginas. Dessas retiram-se: 8 páginas das capas, dedicatorias, etc... (estou a incluir o prefácio). Depois retira-se as páginas em branco que separam os capitulos, ou que tem paragrafos com menos de 5 linhas: 10. Ou seja, 120 +/- pags. Cada página tem uma media de 30 linhas e cada linha uma média de 45 letras..

No total, o livro deve ter cerca de 162000 letras. 0,06 centimos por letra. O_O

quarta-feira, outubro 27, 2004

Para a Prof. Carlota...

A Prof. Carlota tem olhos na nuca
Foi o que ela disse, que coisa maluca
E disse também que tem o dom inaudito
De nos apanhar em flagrante delito
Também deve ter olhos na "retaguarda"
A sua retrovisão é muito apurada!

segunda-feira, outubro 25, 2004

Acredito que a capacidade de encarar a problematica da vida seja potenciada pela quantidade de alcool no sangue. De facto, é da praxe que os grandes génios usavam de “drogas ilícitas” nos seus rasgos de brilhantismo. Não sei se será verdade mas, o que é certo é que o alcool acorda em nós o poder do incoonsciente. Talvez desiniba os grilhões do supra eu, permitindo que as pulsões mais estranhas e mais recondidas aflorem desordenadamente ao pensamento. E assim surgem as grandes obras. Quer artisticas, quer cientificas. Como se fossemos meros instrumentos de uma força bem maior, que conduz os nossos dedos pelas palavras e actos certos.

Talvez o que distinga um mero bebedo de um verdadeiro génio seja a maneira como expõe as suas ideias durante o periodo comumente chamado de “bebedeira”. Assim, Shakespeare, que tomava partido do ópio, pouco ou nada tem de mais fantástico que o nosso vizinho “zé bezana”. A única diferença reside no simples facto de conseguir transformar em palavras a algarraza que lhe o ocupa a mente durante a ingestão do “fruto da papoila”.

Também eu gostava de ter essa fenomenal capacidade. Mas restrinjo-me às ideas estranhas e absurdas. E pela leitura de Woody Allen... ou Jerry Seinfield.

sexta-feira, outubro 22, 2004

Todos nós temos uma música. Uma música que nos identifica, que é a nossa cara chapada. E essa identificação pode ser de tal modo forte que, quando tocam a nossa música na radio, os outros, imediatamente, se lembram de nós. O mais engraçado é que nós próprios não sabemos que música somos. Porque é absurdo ouvir uma música e pensarmos em nós próprios.

No outro dia, dei comigo a olhar para uma rapariga, presa no meio de uma multidão. Não se destacava especialmente dos outros, mas continuei a observa-la. E não levei muito tempo a perceber... ela era o "My Funny Valentine", pela voz do Sinatra. A música acentava-lhe na perfeição, de uma maneira quase surreal.

quinta-feira, outubro 21, 2004

Para ti... my funny valentine!

My funny Valentine
Sweet comic Valentine
You make me smile with my heart
Your looks are laughable
Unphotographable
Yet you're my favourite work of art

(...)

But don't change a hair for me
Not if you care for me
Stay little Valentine stay
Each day is Valentine's day

quarta-feira, outubro 13, 2004

Ultimo dia de férias. Aproveito os derradeiros tímidos raios de sol, que já anunciam a chegada do tempo frio. É quando menos apetece sair de casa. Não há nada melhor que ficar no aconchego do lar, enquanto vemos as pessoas passarem na rua. Curioso como se vê de tudo: desde casacos grossos e cachecóis passando pelo blazzer e há mesmo quem ande de T-Shirt. Divirto-me a observar os poucos seres que por aqui deambulam, imaginando quais serão as suas angustias e tristezas, os seus sonhos, os seus amores de perdição.
É uma sensação reconfortante, toda esta calma perante o inicio de uma grande aventura. Estou pronto! Mas parece mesmo que o tempo passa mais devagar.

segunda-feira, outubro 11, 2004

Eu acredito que a existência depende da capacidade de fazer prevalecer as nossas memórias, por intermédio das outras pessoas. Deixamos a nossa “marca” nelas. Positiva ou negativa. As nossas acções condicionam os outros também. E, por isso, estamos todos unidos num imenso plano cósmico, numa rede de relações. Que nos conduz, de uma maneira mais ou menos perceptível, a um pedaço de imortalidade. Porque não é a carne que interessa. Essa, talvez num futuro não tão distante, será passível de ser conservada ou replicada vezes sem conta. O que conta somos nós, a nossa individualidade, aquilo que nos torna únicos, e isso é inicopiavel. “Fugir a uma passagem fugaz pela vida, vivendo nos outros.”
(excerto retirado de um dos meus inumeros projectos inacabados)

quarta-feira, outubro 06, 2004

Faz hoje meio ano que morreste. E já parece uma eternidade. Todos te recordamos com saudade. O teu riso, a tua ingenuidade, a tua meiguice. Mas também a tua incrível força. Talvez a mais fantástica que alguma vez vi.
A vida não foi simpática contigo. Os teus problemas em casa, tanto a nível monetário como afectivo, desde cedo pareceram querer impedir-te de concretizares os teus sonhos. E tão simples que eram. Só querias poder estudar, entrar na faculdade para mais tarde poder trabalhar com animais e constituir uma família. Mas nem isso te deixaram fazer. Mesmo assim, lutavas com tanta garra! E conservavas o teu espírito jovial, lindo, puro. 16 anos... tão breve a tua passagem.
Contudo, mudaste a nossa maneira de encarar as adversidades da vida. Tornaste-nos pessoas diferentes. Ensinaste-nos a abraçar os problemas de frente.
Faz hoje meio ano que morreste e continuo a interrogar-me porque tiveste de partir. Mesmo que tenhas desaparecido, as tuas memórias estarão sempre connosco. Nunca te esqueceremos.

Tributo a Elsa. 06/04/2004

terça-feira, outubro 05, 2004

O que é um Blog?

Não sei porque, mas a palavra Blog, em mim, traz-me á memória um insecto. Um insecto verde e rechonchudo, com umas patinhas pequenas, desprovido de asas e com dois olhitos pretos. Com um ar querido (se é que é possivel um insecto ter um ar querido).

De facto, no outro dia, enquanto tomava um copo no Cup & Chino* com umas amigas, lembrei-me de comentar o meu interesse em começar um blog. "Os blogs tão muito na moda, hoje em dia" disse, perante o seu olhar desinteressado. "Acho o conceito engraçado." E esperei por uma palavra de apoio ao meu novo projecto, um no meio de tantos outros (a maior parte inacabados ou inacabaveis). Voltei à carga "Não acham uma boa ideia?". Mas uma vez mais a sua indeferença feriu a minha sensibilidade de pseudo-escritor em inicio de carreira. E senti-me como Galisse se descreveu, "Um incompreendido na sua época!". Mas, por fim, uma delas virou-se para mim e perguntou. "O que significa Blog, afinal?" e face ao meu olhar incrédulo "Parece o som que faz qualquer coisa a cair na lama... BLOG ". Rimo-nos todos. Certo é que passamos o resto da noite a atirar ao ar o que nos vinha à cabeça sobre a palavra blog.

Mas o que é um blog afinal?
Bem, blog é um diminutivo, resultante da contracção das palavras weB LOG. O conceito de weblog surgiu, pela primeira vez, em Dezembro de 1997, pela mão de um senhor chamado Jorn Barger. Mas o blog como é hoje conhecido, apareceu um pouco mais tarde. Jesse James Garrett, editor da Infosift, enquanto navegava na net, começou a compilar uma lista de sites parecidos com o seu (que se enquadrava nos moldes dos tais weblogs). Essa lista foi enviada a Cameron Berret, que a publicou no seu site Camworld. No inicio contava com apenas 23 links. Um desses sites pertencia a Peter Merholz que, num rasgo de genialidade, em meados de 1999, decidiu começar a chamar aos weblogs, wee-blogs e mais tarde só blogs. Os blogs pegaram moda e lista começou a crescer tão rapidamente que, no final de 2000 Jesse acabou por desistir da sua "lista", visto o numero diário de pedidos de adesão exceder a casa das centenas. (Para quem quiser visitar, este é o link.) Em Agosto de 1999, Pyra lançou este site, o Blogger, um dos primeiros, e talvez o mais famoso, WeB BloCreT (Web Based Blogger Creation Tool, palavra da minha autoria [evil grin] ) E assim surgiram os Blogs... e, mais tarde, o meu blog. No entanto, continuo a achar que a palavra blog tem ainda oculto o seu verdadeiro fado. Talvez, um dia, na amazónia, seja descoberto um insecto verde e rechonchudo, com umas patinhas pequenas, desprovido de asas, com dois olhitos pretos e um ar querido. Se isso acontecer, tenho a certeza que os cientistas o chamarão de blog. Ou, em latim, Orthoptera Blogum.

*trocadilho!